Robert Schumann (1810-1856) escreveu 66 interessantes conselhos aos jovens músicos aprendizes, no epílogo do seu tão famoso “Álbum para Juventude op.68” (ouça aqui), composto em 1848. Destaca-se que, entre os jovens músicos, estavam os filhos do compositor com a pianista Clara Schumann, quatro à época da primeira publicação e sete, no total.
Estes conselhos abordam não somente questões técnicas sobre a formação musical, mas trazem também sugestões poéticas que se aplicam a vários campos da vida. Selecionei 20 destes conselhos e livremente os traduzi para compartilhar com vocês!
A educação do ouvido é extremamente importante. Procure distinguir cada som que você escuta: descubra, por exemplo, as notas do ranger da porta, da campainha da sua casa, do toque do seu celular, do Whatsapp etc.
Pratique com frequência as escalas e demais exercícios técnicos, mas não se limite a tocá-los mecanicamente. Muitas pessoas acreditam que obterão grandes resultados fazendo isso e gastam muitas horas neste trabalho: tal atividade corresponde a praticar todos os dias a sequência do alfabeto cada vez mais rápido! (Utilize melhor o seu tempo…).
Aprenda desde cedo os princípios fundamentais da Harmonia.
Não se intimide com as palavras Teoria, Acordes, Contraponto, etc. Estes termos serão seus melhores amigos musicais, se você também se aproximar amigavelmente deles!
Tocar muito devagar, arrastando o tempo, ou muito depressa, acelerando, representam igualmente grandes defeitos.
Esforce-se para tocar, bem e lindamente, peças fáceis: isso é infinitamente melhor que uma interpretação ordinária de peças difíceis.
Tenha o cuidado de conservar seu instrumento sempre muito bem afinado!
Na escolha de peças musicais para seu estudo, sempre consulte seu(a) professor(a), ou pianistas mais experientes que você, pois isso lhe poupará muito tempo!
Não se sinta satisfeito, enquanto não conseguir compreender totalmente uma partitura antes de tocá-la!
Sempre toque, como se um mestre o estivesse ouvindo.
Se alguém lhe pedir para tocar uma partitura à primeira vista, sempre a leia silenciosamente, antes de sentar-se ao piano e tocá-la.
É preciso familiarizar-se gradualmente com os principais trabalhos dos mais célebres mestres.
Não perca a oportunidade de fazer música em conjunto como, por exemplo, em duetos, trios ou grupos maiores, pois isto confere direção e fluência a sua execução. Acompanhe cantores!
Toque frequentemente fugas de bons mestres, principalmente as de J. S. Bach: “que os 48 Prelúdios e Fugas sejam o seu pão de cada dia”. Desta forma você será um grande músico!
Lembre-se que há no mundo muitas mais pessoas além de você e seja modesto! Você não inventou nem pensou coisa alguma que já não tivesse sido inventada ou pensada anteriormente. E caso fizer isso, considere como um dom do Céu para repartir com os outros.
Não julgue uma peça pela primeira audição; aquilo que lhe agrada à primeira vez nem sempre é o melhor que existe. Os grandes mestres devem ser profundamente estudados para serem compreendidos. Muitas coisas só lhe serão claras, quando conquistar mais maturidade.
É sempre muito bom experimentar pequenas melodias ao piano, porém, tanto melhor será, se elas lhes ocorrerem em suas mentes sozinhas, sem o piano, pois o órgão interno da música está então em você! Os dedos devem fazer o que a cabeça deseja e não o contrário.
Estude profundamente a vida e também outras artes e ciências.
Sem entusiasmo, não se realiza nada de grandioso em arte.
O estudo nunca tem fim.