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Série Pianistas – Alicia de Larrocha

Ana Beatriz Marcondes Marra

Ana Beatriz Marcondes Marra

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Voltamos com a nossa série “Grandes Pianistas” apresentando a pianista espanhola Alicia de Larrocha.

1 – Alicia cresceu em um ambiente familiar muito musical, pois sua mãe e sua tia eram alunas do compositor Enrique Granados. Com apenas 4 anos, ela começou a ter aulas com Frank Marshall, que foi seu único professor, também discípulo de Granados e seguidor de sua escola de piano. Apesar ser extremamente talentosa, tanto a família quanto seu professor não queriam que a pequena Alicia sofresse a exploração que se costuma fazer com crianças “prodígio”. Suas aparições públicas eram limitadas a duas ou três por ano, sempre sob o controle e discrição de seu professor. 

Ela aprendeu a ler as notas antes mesmo de aprender as letras: 

“Meu brinquedo era o piano. Até que, um dia, eu o estropiei tanto, tirando suas teclas para pintar, que minhas tias o trancaram com chave. Daí foi realmente meu começo. Fiquei tão desesperada que batia a cabeça no chão, até sair sangue. Depois de tanto drama, resolveram me devolver o piano. Talvez esse tenha sido o meu começo de verdade.”

2 – Alicia conheceu o pianista Arthur Rubinstein quando tinha apenas 6 anos. Rubinstein ficou fascinado com o talento daquela garotinha e lhe deu uma pulseira com um porquinho pendurado para dar sorte e ainda lhe deu duas fotos dele: uma, com cara séria; a outra, sorridente e disse – “Esta é a cara que eu faço quando estou tocando”, referindo-se à primeira, – “e, esta outra, é a cara que eu faço quando a escuto, pequena Alicia”.  Ao longo dos anos, eles nutriram uma verdadeira amizade.

3 – Em 14 de junho de 1968, ao abrir a porta de um táxi em Montreal, Alicia sofreu uma grave lesão na falange do polegar direito. Ao apertar o botão para abrir a porta, seu osso, que já estava em mau estado sem que ela soubesse, se desintegrou. Graças à difícil, mas bem sucedida intervenção realizada pelo eminente Dr. Trueta em Barcelona, ​​​​a pianista conseguiu milagrosamente continuar sua carreira de concertista, após 5 meses de recuperação. Neste período, aproveitou para estudar obras para a mão esquerda, que foram incorporadas ao seu já extenso repertório. Em agradecimento por poder voltar a tocar piano, em 24 de janeiro de 1969, ela dedicou um recital ao Dr. Trueta.

4 – Seu marido, o também pianista Juan Torra, demorou para lhe pedir a mão em casamento, e quando tomou coragem e o fez, Alicia, que estava já esperando há muito tempo, disse-lhe que a resposta viria no “bis” do próximo recital: se ela tocasse uma peça de Mendelssohn seria sim, caso contrário, não. Um dos bis foi uma obra de Mendelssohn e, em junho de 1950, eles se casaram e tiveram dois filhos.  Juan Torra (1920-1982) desistiu de sua carreira de piano para se encarregar, durante as ausências de Alicia, do cuidado das crianças e, de tudo que pudesse facilitar a vida nômade de uma artista como ela.

5 – Com apenas sete anos de idade, a pianista compôs sua primeira peça e, a partir da adolescência, sua produção foi mais prolífica. Alicia nunca se considerou compositora, mas durante este período compôs cerca de 40 pequenas obras, às quais não deu muita importância. 

 

Após seu falecimento, sua família decidiu torná-las conhecidas. A coletânea foi publicada em 2014 pela Editorial Boileau com o título “Pecados de Juventude” e, nelas, Alicia recriou a linguagem de seus autores favoritos: muitas das peças lembram as composições de Schumann, as invenções de Bach, as Sonatas Scarlatti. Mas devido a sua intensa atividade como concertista internacional, ela não encontrou tempo para continuar a escrever.

 

Neste áudio, podemos ouvi-la estreando a obra “Festívola” (cuja data de composição não se conhece) em um concerto beneficente no Hunter College, em Nova York, em 3 de outubro de 1970.

Bônus

“Em primeiro lugar, não sou o tipo de pessoa que gosta de sentar e tocar uma partitura do começo ao fim. Em primeiro lugar, eu estudo a música cuidadosamente para formar uma ideia do que se trata. Então eu procuro as passagens ou seções que oferecem mais dificuldade, especialmente no que diz respeito ao dedilhado. Para mim, o dedilhado é muito importante. Posso decidir usar um determinado dedo para produzir um tom específico, mas se não funcionar, tenho que alterar o dedilhado de acordo.”

Mach, Elise. Grandes pianistas contemporâneos falam por si mesmos (Dover Books on Music) . Publicações Dover. Edição do Kindle.

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