Você sabia que o sentido do tato pode ser considerado tão ou mais importante do que a visão, quando se pretende melhorar a fluência na leitura musical?
Pois é… para se ganhar fluência na leitura musical, temos de manter os olhos fixos na partitura e olhar o mínimo possível para as mãos, e isso não é uma tarefa assim tão simples quanto pode parecer.
A primeira habilidade a ser desenvolvida em um pianista, desde as primeiras aulas, deveria ser o conhecimento tátil do teclado. Diferentemente de outros instrumentos como violino, por exemplo, o piano possui uma tessitura muito grande e as mãos do pianista precisam realizar diversos deslocamentos e saltos, durante a execução de uma obra.

O piano possui 88 teclas, contando-se as notas brancas e pretas, dispostas em um espaço de, aproximadamente, 125 cm. Comparando-se o tamanho do teclado do piano com o tamanho do espelho de um violino 4/4, percebemos que as mãos do pianista podem percorrer um espaço quase cinco vezes maior do que as do violinista.

O tamanho reduzido do espelho do violino possibilita que as mãos do violinista “decorem” a localização das notas musicais muito mais rapidamente do que e um pianista. Assim, o violinista consegue tocar sem ter de olhar para as mãos o tempo todo, encontrando as notas no instrumento por meio da sua capacidade proprioceptiva.
Mas o que é capacidade proprioceptiva? 🤔
Propriocepção é a capacidade sensorial de reconhecer em que posição está cada parte do nosso corpo, sem utilizar-se necessariamente da visão.
Desenvolver esta habilidade tátil é uma condição fundamental para um bom desempenho em qualquer instrumento musical, no entanto, ouso dizer que raramente ela é ensinada aos estudantes de piano desde as primeiras aulas… Sobre isso, Carl Philllip Emanuel Bach, em seu livro “Versuch über die wahre Art das Clavier zu spielen” (1753), já trazia a seguinte sugestão, no item 22 da Introdução:

Além desta sugestão, devemos adotar outros hábitos em nossa prática pianística, como por exemplo, o reconhecimento dos conjuntos de teclas pretas. Você provavelmente sabe que é a disposição das teclas pretas em conjuntos de duas e três teclas que possibilitam a rápida localização de cada uma das notas musicais, não é?

Já imaginaram um teclado sem as teclas pretas?
Sim ele existe!! Clique na imagem para ler a reportagem!
Não consigo nem imaginar como se toca em um piano destes, pois a disposição das teclas pretas, além de criar referências visuais, também colabora para a localização tátil de cada nota, veja como:
- Sente-se no banco do piano e observe se sua postura está adequada. Feche os olhos, e com os seus pés descubra se você está sentado bem ao centro do piano (encoste a lateral interna dos pés nos pedais do piano para verificar a posição).
- Sempre com os olhos fechados, tente localizar todos os agrupamentos de duas e três teclas pretas com as mãos;
- Após ter encontrado os conjuntos de teclas pretas, encontre todas as notas “ré” do piano, buscando, como referência, os conjuntos de duas teclas pretas;
- Depois, tente achar todas as notas “sol” do piano, tendo como referência os conjuntos de três teclas pretas;
- Desta maneira, vá sucessivamente procurando as demais notas, sempre de olhos fechados e alternando as duas mãos;
Estes exercícios devem ser feitos diariamente, para que você, cada vez mais, familiarize-se com a disposição das notas no teclado. Aos poucos, dificulte as tarefas (sempre com os olhos fechados):
- toque as notas “dó-ré” em toda extensão do teclado, depois “dó-ré-mi”; “mi-fá#-sol#-lá” e assim por diante;
- faça escalas, acordes, arpejos, saltos;
- toque com as mãos separadas, depois juntas etc.
Divirta-se!
Por fim, tente tocar as músicas que você sabe decor totalmente com os olhos fechados, como sugeriu Philllip Emanuel Bach, e note que isso também vai ajudá-lo a interpretar melhor a obra, experimente!
Quando estiver craque em tocar de olhos fechados, passe na Antonio Pianos para mostrar suas habilidades proprioceptivas!!
